Em uma semana, foram confirmados 4.861 novos casos de chikungunya, passando de 54.096 para 58.957 ocorrências. A taxa de incidência dos casos suspeitos de chikungunya no Ceará é de 1.099,4 casos por 100 mil habitantes, o que se configura como epidemia da doença.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), incidência de 300 casos para cada 100 mil habitantes já é considerado como estado epidêmico. O Ceará tem 102 municípios com epidemia de chikungunya.
General Sampaio, no Norte do Ceará, tem a situação mais crítica no país, com 5.054,8 casos para cada 100 mil habitantes, 23,2 vezes o índice epidêmico da OMS. Também aparecem em situação preocupante Acarape, Reriutaba, Caucaia, Maranguape e Fortaleza. As informações são do Boletim Epidemiológico divulgado nesta sexta-feira (21), pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesa).
Dos casos confirmados, 67,7% (39.931) concentraram-se nas faixas etárias entre 20 e 59 anos e o sexo feminino foi predominante em todas as faixas etárias à exceção dos menores de um ano e daqueles com idades entre cinco e 14 anos. Segundo a Secretaria de Saúde, a chikungunya está presente em 147 dos 184 municípios cearenses.
Em 2017, foram confirmados 51 óbitos por chikungunya, sendo 30 (58,8%) do sexo masculino e 21 (41,2%) do sexo feminino, com idades entre 10 dias e 94 anos residentes nos municípios de Acopiara (1), Beberibe (2), Caucaia (3), Fortaleza (40), Maranguape (2), Morada Nova (1), Pacajus (1) e Senador Pompeu (1).
De acordo com especialistas, nas residências estão 90% dos focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença. Para o médico infectologista Ivo Castel Branco, é necessário o engajamento da população no combate ao foco do mosquito transmissor. "Se você tiver 1% dos domicílios com foco do mosquito e tiver gente que nunca teve a doença, eu já posso ter uma epidemia. Conclusão: nós não vamos controlar tão cedo isso aí”.
Aedes aegypti
A grande quantidade de criadouros é principal fator que favorece a propagação do mosquito. De caixas d’água a vasos de plantas, de pneus a tampinhas de garrafa, qualquer lugar com água parada pode servir para a fêmea botar os ovos. A fêmea contaminada tem a capacidade de transmitir os vírus aos ovos, ou seja, os mosquitos já nascem infectados. Isso multiplica as chances de propagação.
Mas nem a falta de água consegue barrar a reprodução do mosquito. Os ovos do Aedes aegypti têm a capacidade de sobreviver em recipientes secos por até um ano. Eles ficam adormecidos e basta terem contato com um pouco de água para eclodir. Então, não basta evitar de deixar água parada dos recipientes. Recomenda-se também limpar bem suas paredes.
De acordo com especialistas, se forem eliminadas todas as larvas, pupas e adultos de um lugar, a população do mosquito pode se recuperar em apenas duas semanas, graças aos ovos. Assim que eles têm contato com água, continuam a se desenvolver.
Sequelas
A infecção pelo chikungunya causa dores terríveis não apenas durante os dias em que o vírus está circulando no corpo da pessoa que o contraiu, mas por muito tempo depois da "cura". Em seus primeiros dez dias, os sintomas costumam ser febre, fortes dores e inchaço nas articulações dos pés e das mãos.
Em alguns casos, ocorrem também manchas vermelhas no corpo. Mas mesmo com o fim da viremia - período em que o vírus circula no sangue - a dor e o inchaço causados pela doença podem retornar ou permanecer durante cerca de três meses.
De acordo com especialistas, em cerca de 40% dos casos, os sintomas tornam-se crônicos e podem permanecer por anos. Entre as sequelas da doença, são apontadas inflamação crônica nas juntas, dormência nos membros, câimbras e dificuldades de caminhar, doenças reumatoides, como a artrite. Além disso, também pode desestabilizar doenças cardíacas, problemas renais e diabetes.
Radar da Zona Norte - G1 CE
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