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quinta-feira, 24 de novembro de 2016

Em 4 meses de 2016, Ceará registrou 91% do total de fugas de presos de 2015


Em apenas quatro meses, 452 presos fugiram das penitenciárias do Ceará. O número representa 91% do total de detentos (492) que escaparam dos presídios do Estado ao longo de 2015.
As 452 fugas mencionadas acima se deram entre 21 de maio e 21 de setembro, período que compreende a crise e reestabilização do sistema prisional cearense. O total de presos que fugiram nos demais meses deste ano não foi informado pela Secretaria da Justiça e Cidadania (Sejus).

A maioria das fugas deste ano se deu ainda em maio, após deflagração da greve dos agentes penitenciários, no dia 21. A paralisação durou apenas 17 horas, tempo suficiente para que 14 detentos fossem assassinados e as unidades fossem depredadas, agudizando a crise no sistema. Várias celas foram destruídas e por meses os internos ficaram soltos nas vivências, propiciando motins e fugas por inúmeros túneis escavados.
 



Na avaliação do secretário-adjunto da Segurança Pública e Defesa Social, Lauro Prado, o elevado número de fugas está influenciando o índice de homicídios no Estado, que aumentou em determinadas regiões após a crise, bem como no aumento do número de roubos, que tem altas consecutivas desde julho de 2014, à exceção de agosto de 2015, quando os casos caíram 7,5%.


“Essa crise interferiu diretamente na Segurança Pública do Estado. Não só isso. Influencia a quantidade de presos que são soltos todos os dias. Mas certamente está relacionada. Em cidades como Maracanaú e Itaitinga, os roubos aumentaram muito após as fugas. Bem como o número de presos reincidentes”, disse.
A Sejus informou que, dos 452 presos que fugiram nos quatro meses deste ano, 180 (40%) foram recapturados ou se apresentaram em delegacias de Polícia. Já em 2015, dos 452 internos que fugiram, somente 90 (18%) foram novamente presos.

Imprecisão
Ainda no mês de maio, O POVO havia solicitado à Sejus a quantidade de fugas e de presos que escaparam das unidades prisionais do Ceará, entre 2015 e 2016. Também foi solicitado que os dados fossem divididos por mês e por ano, para fins de comparação. O pedido foi refeito em julho e agosto. Em resposta, nas três vezes a pasta informou que, por conta da reestabilização do sistema, os números não haviam sido contabilizados.
Após nova solicitação este mês, a Secretaria repassou os dados. Entretanto, apenas o total de presos que fugiram ou foram recapturados, em 2015 e no intervalo entre 21 de maio e 21 de setembro deste ano, foram informados. Por meio da assessoria de imprensa, a Sejus justificou que não contabiliza os eventos de fuga, apenas a quantidade de presos que escaparam e as unidades a que pertenciam são computadas. Este último dado, porém, não foi divulgado por motivos de “segurança”.
Sobre os demais meses de 2016, a Secretaria alega que adotou um novo método de contabilização dos fatos, após a crise, e que os números deste ano, contabilizados no formato anterior, não são “confiáveis”, motivo pelo qual não foram divulgados, muito embora o formato seja o mesmo de 2015, cujos dados foram enviados ao O POVO. A Sejus informou ainda que, somente ao final de janeiro próximo, os números totais serão divulgados.
Em entrevista ao O POVO, no último dia 17, o titular da SSPDS, Delci Teixeira, afirmou que, em 2015, 83% das pessoas presas eram reincidentes. Este ano, o número caiu para 43%. O total de prisões não foi informado. Na avaliação de Lauro Prado, este número também pode ter sido influenciado pelas fugas, uma vez que parte dos foragidos foi recapturada.

Radar da Zona Norte/O Povo Online

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